As taças de champagne ainda tilintavam enquanto ela arrastava o vestido longo, coberto por um sobretudo fino, pelo piso de mármore frio do bar do hotel. O tecido, abraçado em seu corpo, marcava, delicadamente, em sua forma, o mais sutil movimento. As pernas se moviam lentamente, com graça, enquanto o perfume doce se espalhava pelo ar meio aquecido.
As portas do elevador se abriram, complacentes à sua presença. Como se servas se sua força e beleza. Todos, porém, a ignoravam – ou talvez fingissem muito bem – continuando suas conversas frívolas sobre política, economia ou família.
As luzes do mostrador piscavam só para ela e os andares iam apressados acompanhados do som agudo que os anunciavam. Alguns homens saiam, ensaiando um andar dominador e suas mulheres os seguiam, caladas. Os bêbados iam saindo e suas garrafas os acompanhavam, inquietas. Assim como os velhos passavam à rígida vigia da morte.
Ela ficou.
Enquanto as luzes ainda persistiam na sua rotina imbecil, ela acariciava as paredes do cubículo cobertas de tecido vermelho, sacudindo os pés musicalmente.
Trinta e dois, marcava o painel quando ela finalmente levantou os olhos brilhantes em direção a porta que se abria. Os flashes das lâmpadas do corredor iluminavam o caminho a cada passo dela.
Três mil duzentos e doze, marcava a placa branca, lerdamente encarando-a na madeira escura. Só uma batida com as costas dos dedos anunciou sua entrada. As dobradiças da porta encostada gemeram com o toque a abriu – e o fizeram novamente, movidas pelo mesmo toque que a fechou - enquanto sua bolsa se jogava no chão do quarto.
As palavras brotavam descompassadas.
- Estive pensando sobre tudo que ganhei no nosso relacionamento.
O homem, que pressionava freneticamente os botões do controle remoto, parou. Puxou a barra do short azul e maneou a cabeça fingindo ouvi-la. Ele franzia a sobrancelha em silêncio, esfregando a ponta de um dedo no canto de um dos olhos.
- Confesso que não pude contabilizar nada. Nunca tive nada pra mim. Quero que essa noite seja pra mim. Me ouve?
O rapaz girou a cadeira e sorriu de lado – por malicia ou entendimento.
O sobretudo marrom despencou e ela balbuciou os versos raivosos. O homem ainda a observava meio incrédulo.
- Quer minhas luvas? – questionou cingindo uma mão na outra – Arranque-as! Mas faça com que queira perdê-las por ti.
Puxou cada dobra que envolvia seus dedos e arremessou-as no chão. Ele desviou o olhar momentaneamente e observou a seda vinho recusada.
- Venha... Eu te ensino como fazer. Farei com que me leve a te querer do mesmo modo, sem a seqüência de convencimentos machistas que me forçam a me entregar a ti.
As rodas da cadeira se arrastavam suavemente.
- Quer minha alma? – questionou, passando a unha pela maça do rosto – Arranque-a! Nunca entendi o motivo de acumularmos emoções, sem dispersá-las.
Os grampos que prendiam o cabelo se soltaram e os fios caíram no rosto fino.
- Desabotoe essa cobertura idiota cunhada por velhacos puritanos que não quiseram ver as formas do sexo. Veja, então, tudo que agora eu insisto em te mostrar.
Ela arrancou o vestido delicado - fincou as unhas, rasgando-o. Ele levantou o queixo e abriu as narinas, raptando o cheiro de seus poros abertos.
Posando de lingerie, como uma Afrodite criada pelo acaso, era comida pelos olhos do homem que tratava como marido.
Levantou a perna com classe e pousou sobre a o braço da cadeira. Despregou as sandálias altas, uma a uma, o que a diminuiu uns 10 cm .
- Quer que eu te mostre o que meus quadris sabem fazer? Assista meu show... Poderia fazer seu cinto cair, realizando tudo que vocês sempre quis. Então vamos, arranque isso de mim.
Sentou em seu colo.
- Sempre quis você como um homem de verdade, um homem pra mim. E enquanto esperava por isso, acabava com minhas costas na parede. É sua vez, então, de finalmente ver... – levantou, puxou-o pelo ombro e encostou-o na parede – e entender que só as suas vontades eram feitas. Você sempre queria mais que “tudo”, só porque achava que tinha mais direitos do que eu. Teve seu prêmio, que fui eu, conseguiu tudo o que queria com um levantar de dedo, meu amigo. Você não vê que no final não vai sobrar nada... - Sacou dos peitos, o sutiã - de mim...
- Eu...
Os dois respiravam ofegantes, poucos centímetros separavam suas bocas.
- Eu... Eu não sou seu marido, moça.
- Eu sei....
Para Michele Adão, futura mega-orto-para diva do afroPOP e nossa fã número 0 - já que o 0 vem antes do 1... #claro,claro...
:D
Lee
Lee
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirBrigadooo!! *-*
ADOREIIII...
Fãn numero ZERO com certeza...kkkkk